segunda-feira, 29 de abril de 2013

Retrato

Olho pras paredes encontro alguns retratos esquecidos. Essas lembranças estão lá a tampo tempo que perderam o brilho dos olhos. O que se pode ver é uma branquidão, como se quisessem ser esquecidas pra sempre... Mas elas continuam ali me olhando. Levanto, pego uma taça de vinho. Uma só. Olho outa vez pra parede. Lembro...que tudo é mais forte quando já não se tem mais. Entristeço os garfos da mesa, a toalha, a janela que sopra um vento fino. A casa está assim agora. E meu desejo de voltar pra dentro daqueles tempos, revier cada flash... sentir o cheiro daqueles abraços. Me doma o tempo agora, e sou prisioneiro desse arrastado presente. Queria poder mergulhar em meus porões, vasculhar os quartos e encontrar tudo ali, vivo, intacto, feliz. Mas tão logo choro em acreditar que tudo ficou engavetado. Rígido, sorriso sem dente, sem brilho... Lembrança. Outra vez tudo me olha, as fotos, as tintas, os garfos...me sufocam. Olho pra mim. Me esqueço aqui.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Te espero.

a beleza está no que é mais banal e simples em você.. por isso não posso deixar de te ver. Para que tua eterna beleza clandestina me roube os desejos... e por isso sou seu agora, quando pensa em mim. Se me imagina com teus ideais, sou a quebra da expectativa que te fará compreender que tudo começa agora. Então me diz o que quiser. Vou escutar outra vez a mesma canção... lembrar do frio que me faz sem seu abraço e me perder de vez. Mas quando lembro, não há heróis nos céus nem ninguém que nos diga como a vida deve ser. Somos só nós agora. E eu só consigo te ver...Por mais que o tempo nos tenha trazido esperanças e criado expectativas. Sou o que quer que seja e vou abrir minhas asas e te levar comigo. Sou sonho teu e meu e seu e de todo esse tempo que fiquei a espera... em minhas lembranças serei sempre metade sem ti. E nunca mais poderão dizer que não houve o que não se pode explicar.

terça-feira, 9 de abril de 2013

...

É preciso beber uma cerveja, escutar Belchior bem alto. Sob a luz do teu cigarro na cama... Desejar o que já esteve em tuas mãos é tão mais forte do que te-las agora. Ouça-me, ouça o som que sai desse homem errante. A saudade é uma sede incessante. Somos almas livres por isso quero amar. Tudo é divino quando te olho nos olhos. Todos nós mudamos, e sou apenas mais um. Estamos sempre sentados a beira do caminho. A espera... mas tudo muda... e não me venha dizer frases sobre o amor ou mesmo sobre o mar. Tudo aqui é permitido. Mas quero pegar na sua mão, me embebedar de drummond e jogar flores no ventilador. Eu sou só o poeta maldito não lido...então mate-me logo. Mas me deixe ser livre. Agora é o melhor momento pra gritar que nada é secreto nem tão pouco misterioso. Que vontade de explodir em versos como faziam os poetas verdadeiros quando choravam. Hoje minha cabeça é diferente e que ficou não me diz o que será daqui pra frente. Você não sente, é silencioso e tênue.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Sem amor não resta mais nada.

Desconheço a verdadeira injustiça, a dor que cala. A guerra não entende a gente. Sob aquele olhar derradeiro cruzo teu caminho. Essa terra sem males é feita de gente. Dou-te a mão, o beijo e o pão. Dou-te meu coração em largas escalas, dou-te minha casa e meu espirito. Há nisso tudo uma explicação, eu sou um homem que ama e nada mais nos resta ou importa. Não é Deus, não é ninguém. Sou só eu agora, mas me engano. Se penso que só amo a quem me quer bem. Sou anjo de sangue, choro, corro e envelheço ao lado de alguém. Vejo teu sorriso acanhado. Amo outra vez. Mas não é amor carnal, é amor sublime que não se sabe explicar onde se esconde. Quero abraçar meu filho. Quero correr pelos campos e mostrar que nem tudo precisa ser explicado, o sentido é sentir. O vento batendo no rosto numa manha de inverno..A água gelada a tocar meus pés. O sol que brilha hoje como nunca e amanhã também. Isso é Deus, ali o tempo todo. Isso é a explicação dessa tigela de cerejas onde nos achamos. Agora entendo que a solidão corrói. E que precisamos compartilhar nossos desejos. Agora choro e as lagrimas são quentes por que brotam do coração calado. Já choraram tantos. Mas não entendo e não me esforço. Só choro, como se banhasse em rios profundos que lavam minhas agonias. Sou mais um homem que ama. Mas compreendo que por trás dessa palavra a tantas outras camadas. E mais uma vez me imagino como um desbravador de sentimentos, somos todos. Vamos viver as cavernas do amor, os muros, os cumes, o bem querer e o infinito. Procurei uma maneira onde não me machucasse, onde não sofresse. E não pude sentir o amor que pulsa.Tum tum ta! Agora não há outra maneira, preciso vivê-lo com todas as letras. Só assim viverei pleno, se eu sobreviver a tudo. Por isso grito, e que ouçam mesmo aqueles que não tem ouvidos: Sem amor não resta mais nada!