segunda-feira, 29 de abril de 2013

Retrato

Olho pras paredes encontro alguns retratos esquecidos. Essas lembranças estão lá a tampo tempo que perderam o brilho dos olhos. O que se pode ver é uma branquidão, como se quisessem ser esquecidas pra sempre... Mas elas continuam ali me olhando. Levanto, pego uma taça de vinho. Uma só. Olho outa vez pra parede. Lembro...que tudo é mais forte quando já não se tem mais. Entristeço os garfos da mesa, a toalha, a janela que sopra um vento fino. A casa está assim agora. E meu desejo de voltar pra dentro daqueles tempos, revier cada flash... sentir o cheiro daqueles abraços. Me doma o tempo agora, e sou prisioneiro desse arrastado presente. Queria poder mergulhar em meus porões, vasculhar os quartos e encontrar tudo ali, vivo, intacto, feliz. Mas tão logo choro em acreditar que tudo ficou engavetado. Rígido, sorriso sem dente, sem brilho... Lembrança. Outra vez tudo me olha, as fotos, as tintas, os garfos...me sufocam. Olho pra mim. Me esqueço aqui.

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